“DENOMINA
DE MARIA SILVANEIDE ANGELIM MACÊDO A BRINQUEDOPRAÇA, A SER CONSTRUÍDA NA
LOCALIDADE DE JAMACARU, NO MUNICÍPIO DE MISSÃO VELHA/CE.”
Art.
1º. Fica denominada de Maria Silvaneide Angelim Macêdo a Brinquedopraça, a ser
construída na localidade de Jamacaru, no município de Missão Velha/CE.
Art.
2º. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.
Art.
3º. Revogam-se as disposições em contrário.
LEONARDO ARAÚJO
DEPUTADO
JUSTIFICATIVA:
Maria
Silvaneide Angelim Macêdo,
carinhosamente conhecida por Neide, nasceu no dia 5 de junho de 1977, no sítio
Água Vermelha, no município de Milagres. É filha de Maria Irací
Angelim (Irací) e Francisco Angelim Neto (Deuzim).
Guerreira
desde criança, passou a sua infância no Sítio Água
Vermelha, onde juntamente com seus pais, sua irmã e seus 2 irmãos, trabalhava
na roça para ajudar no sustento da família. Em meados de 1986, no período de
seca, com a fome e miséria, tiveram que ir embora para São Paulo em busca de
sobrevivência e emprego. O tão sonhado desejo de melhoria financeira não veio,
forçando todos a regressarem para o sítio, e assim, foi
enfrentando os anos de pobreza, com muito trabalho e pouco estudo, pois diante
da difícil situação, escolher a roça e não a escola era a mais cruel opção.
Os
dias sem comida estavam ficando constantes e muitas vezes
tinha que ir dormir para a fome passar, devido a isso, por volta de
1989, mudou-se com sua família para Milagres, onde ali, com seus 12 anos de
idade, começou a trabalhar em casas de família, garantindo o seu alimento, apesar
das grandes humilhações que tinha de enfrentar.
Dentre
muitas casas que trabalhou, está a de Antenor Lins, homem rico que também tinha
casa em Jamacuru, costumava passar finais de semana
na localidade, onde Neide sempre o acompanhava, tendo aí a oportunidade de
conhecer Jamacaru e seu então namorado, José Roberto Macêdo
Pereira (Beto), que em 1995, tornou-se seu esposo, ocasionando mais tarde a
mudança em definitivo de Neide para Jamacaru.
Mulher
determinada, corajosa e designada a vencer qualquer dificuldade, começou a
trabalhar de sacoleira com confecções, enquanto seu esposo trabalhava de
pedreiro. Em 1996, nasceu Carlos Henrique Angelim Macêdo,
o primogênito. Alguns anos depois, Neide sofreu um aborto espontâneo e, no ano
de 2000, teve a sua segunda e última filha, Ricaele
Angelim Macêdo.
A
família crescia, as responsabilidades aumentavam e a dificuldade financeira
persistia ainda mais, então teve que aperfeiçoar a vocação de comerciante,
montando uma lojinha em sua própria residência, e mesmo sem estudos, foi
gerenciando com inteligência e maestria o seu pequeno negócio, que consequentemente foi ganhando maiores proporções; chegando
a ser um dos mais conhecidos e bem sucedidos empreendimento da região. Assim,
Neide sustentou e fortaleceu a sua família, que juntamente com seu marido,
largou a profissão de pedreiro e foi trabalhar como crediarista.
Neide
era animada, carismática, vaidosa, conhecida por todos de Jamacaru por sua
irreverência, muito criativa, desenvolvia diversos movimentos locais, como o
forró da terceira idade, a tradicional seresta da virada de ano, que reunia
cerca de 800 pessoas nas ruas, além da grande cavalgada das mulheres, que a
partir da sua contribuição, hoje já é tradição.
Em
época de festas juninas, Neide promovia um São João da vizinhança, mobilizando
todos os moradores para enfeitar as ruas e festejar com muita comida e alegria.
No
período da Semana Santa, a rua em que residia, era animação total com pessoas
jogando peteca, e a regra era clara: “quem deixasse a peteca cair, tinha que
beber um vinhozinho.”
No
carnaval, quem não quisesse ser “melado” passasse por outra rua, porque Neide
estava de prontidão com a maisena na mão e o sorriso largo no rosto para
envolver as pessoas em dinâmicas embaladas de muita alegria.
Era
amiga de todo mundo, desabafava com qualquer um que
lhe desce oportunidade e sempre constava que sua maior preocupação era com os
estudos dos seus dois filhos, e por isso, investia neles. Quando a situação no
comércio estava passando por maus bocados, ela recorria à promoção de festas em
Jamacaru, para auxiliar financeiramente na renda familiar e, até hoje, todas as
festas socias e culturais que ela promoveu em
Jamacaru, são lembradas com carinho e saudade.
Em
2016, algo que ninguém imaginava, Neide passou por uma cirurgia no ovário e 40
dias depois descobriu que estava com câncer. Surpresa e abalada com essa triste
notícia, optou por compartilhar sua dor com a comunidade. Chorava e sorria ao
mesmo tempo, pois sua fé em Deus era grande, e as pessoas que
estavam à sua volta não a deixava se abater. Com poucos dias dessa
triste notícia, Neide foi internada no Hospital Regional, em Juazeiro do Norte,
com trombose aguda bilateral na perna.
Seus
dias no hospital eram de muita dor, medicação e preocupação com a sua loja,
saúde e família, mas a sua alegria ainda transbordava, alcançava e alegrava as
enfermeiras e amigos que a visitavam.
Infelizmente,
no dia 3 de julho de 2016, com cerca de 14 dias
internada, aos 38 anos de idade, a invencível Neide foi vencida pelo câncer,
que já estava em fase de metástase, deixando os seus dois filhos, seu esposo e
a comunidade de Jamacaru chorosa e cheia de saudade.
A
sua trajetória, além de uma incrível história, foi ensinamento para muitos
entenderem que a vida deve ser vista com amor, que a alegria nos impulsiona a
viver e que a coragem e a determinação devem estar sempre presentes em nossos
dias.
Diante
das razões expostas, denominar a Brinquedopraça, a
ser construída na localidade de Jamacuru, no
município de Missão Velha/CE, de Maria Silvaneide
Angelim Macêdo, cidadã que desempenhou relevantes
serviços para esse lugar; é preservar, na memória, a história de uma notável
mulher cearense.
LEONARDO ARAÚJO
DEPUTADO