PROJETO
DE LEI N.° 196/2022
“DENOMINA DE JOÃO ANTONIO DA CRUZ O TRECHO DA
CE – 152 QUE LIGA O DISTRITO DE PALESTINA DO CARIRI À SEDE DO MUNICÍPIO DE
MAURITI/CE.”
A ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ DECRETA:
Art.
1º Fica denominado de João Antonio da Cruz o trecho da CE – 152 que liga o
Distrito de Palestina do Cariri à sede do Município de Mauriti/CE.
Art.
2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
AUDIC MOTA
DEPUTADO
JUSTIFICATIVA:
João
Antônio da Cruz (1894-1980), fazendeiro, pecuarista e agricultor. Um dos
partícipes na construção da Fazenda Canabrava, localizada no município de Mauriti.
Cidadão
Barbalhense, de origem, e cidadão Mauritiense, por
escolha. Conhecido por seus concidadãos como Cel. João da Cruz, patente própria
das Forças Armadas, que lhe foi designada por tratar-se de um fazendeiro
próspero e que contribuía com a vida política e social da sua cidade.
Em
primeiras núpcias, com a Sra. Jacinta Ana de Macêdo, teve seis filhos: Luís Antônio Cruz, José Antônio
Cruz, Manoel Cruz, Vicentina Cruz e Terezinha Cruz. Em segundas núpcias, com a
Sra. Maria Lindalva Cruz, a família ganhou mais três novos membros: Maria
Lindomar Cruz, Maria Lucimar Cruz e Maria Liromar Cruz.
João
da Cruz era um líder íntegro, pai exemplar, patrão respeitado e grande amigo.
Homem raro, discípulo da experiência e sábio no trato com todos. Intemporais
são seus exemplos.
Em
vida, manteve os filhos residindo na fazenda, exceto os mais novos. Formavam uma comunidade, todos já proprietários de parte da
fazenda, administrando seus patrimônios, sem dispensarem, entretanto, o
acompanhamento atento e ajuda, quando necessário, do patriarca da família.
Seu
irmão, Cel. Francisco Filgueiras Cruz, militar,
subcomandante da Policia Militar do Ceará, consultava-lhe por ocasião do
encaminhamento de delegado para a cidade, valorizava o seu conhecimento da
comunidade mauritiense, bem como suas boas relações
com seus concidadãos, políticos e gestores públicos. Dada a sua capacidade de
negociação e o respeito que detinha de todos, com frequência,
mediava questões diversas, financeira, econômicas e familiares.
O
fazendeiro e humanista dialogavam, sedimentando seus valores basilares: ética,
integridade, honestidade, simplicidade, capacidade de defender com vigor o que
considerava justo.
Benemérito,
contribuía com as causas sociais da comunidade, em parceria valiosa com o
estimado e saudoso Pe. Macêdo. Doou toda a madeira para construção da Igreja
Matriz de Mauriti, templo de Nossa Sra.
da Conceição.
A
família juntava-se a ele em eventos sociais, que tinham como finalidade
angariar recursos para contribuir com os mais necessitados.
A
relação dele com seus funcionários (moradores) merece
ser ressaltada. Havia na fazenda mais de 25 (vinte e cinco) famílias, todas
residindo em casas simples, mas com acomodações adequadas. Unidos pelo fio
condutor da prosperidade, patrão e funcionários, trabalhavam com afinco e
dedicação, para garantia do “futuro” e presente com meios de provimentos
satisfatórios.
E
assim prosperaram. A fazenda do Cel. João da Cruz dispunha de 2.500 (duas mil e
quinhentas) tarefas de terra com abundante produção de algodão, cereais e cana
de açúcar. Contava com um engenho para produção de rapadura, comercializada e
consumida festivamente por todos.
Fruteiras
diversas eram cultivadas por toda a fazenda, para consumo da família e o
excedente comercializado. Este cultivo era extensivo aos quintais dos
funcionários. Tempos de bonança! O combate e prevenção a pragas eram feitos de
forma natural, apenas parte da terra era destinada ao plantio, preservando-se a
mata virgem, e o cultivo de amendoim era um “adubo” natural. Saberes
ancestrais, que, lamentavelmente, foram substituídos pelos produtos químicos,
os agrotóxicos.
A
fazenda possuía 03 (três) açudes, 02 (duas) nascentes, todos de beleza
indescritível. Tinha um grande plantel de gado, raças diversas: gir, nelore, indubrasil e
holandês, e criação de ovinos e caprinos.
A
casa da família foi construída com esmero. Bela casa! Arquitetura moderna com
acomodações muito confortáveis. Aqui, com frequência,
recebia amigos, funcionários, políticos, dedicando-os atenção e deferência.
O
ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek, saudava-lhe a cada entrada de
um novo ano, uma deferência, que ele acolhia com satisfação e simplicidade.
Hoje,
2022, novos tempos, tempos difíceis, faz-se ainda mais importante revisitar memorias de homens exemplares.
Para
os filhos, netos, bisnetos, demais familiares e seus
concidadãos, ficou o seu legado, não apenas os bens materiais, mas,
acima de tudo, seus exemplos de homem trabalhador, honrado, amante da paz e da
harmonia. Pessoa ímpar, um patriarca do sertão nordestino que nos ensinou,
através da sua vida, a dignificação do homem pelo trabalho e o valor da honra e
ética.
A
fazenda Canabrava, hoje, pertence aos netos e bisnetos. Nova geração, que
dispõe de valores que se assemelham ao do patriarca. Sabiamente, valorizam e
buscam preservar a história, que é propulsora da construção de novos e melhores
tempos.
Diante
do exposto, peço o apoio dos nobres membros desta Casa para a aprovação desta
proposta.
AUDIC MOTA
DEPUTADO