PROJETO
DE LEI N.° 151/2022
“INCLUI NO CALENDÁRIO OFICIAL DE
EVENTOS DO ESTADO DO CEARÁ O "ABRIL AZUL".”
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ DECRETA:
Art. 1º. Fica incluído no Calendário Oficial de Eventos do
Estado do Ceará o "ABRIL AZUL", comemorado anualmente no mês de
abril.
Art. 2º. As campanhas de conscientização serão realizadas
anualmente, durante o mês de abril, com o intuito de informar, esclarecer,
conscientizar, envolver e mobilizar a sociedade civil sobre o Autismo (TEA –
Transtorno Espectro Autista).
Parágrafo único – Os órgãos públicos poderão promover a
iluminação e/ou a decoração do espaço físico com a cor azul, como forma de dar
à população maior visibilidade sobre o tema.
Art. 3º. As medidas previstas no art. 2º desta Lei poderão
contar com a cooperação da iniciativa privada e/ou de entidades civis,
organizações profissionais e científicas, visando a
concretização dos objetivos da presente Lei.
Art. 4º. Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.
LEONARDO PINHEIRO
DEPUTADO
JUSTIFICATIVA:
A presente proposição estabelece que as campanhas de
conscientização serão realizadas anualmente, durante o
mês de abril, com o intuito de informar, esclarecer, conscientizar, envolver e
mobilizar a sociedade civil sobre o Autismo (TEA – Transtorno Espectro
Autista). Os órgãos públicos poderão promover a iluminação e/ou a decoração do
espaço físico com a cor azul, como forma de dar à população visibilidade sobre
o tema. As ações de conscientização poderão contar com a cooperação da
iniciativa privada e/ou de entidades civis, organizações profissionais e
científicas. Autismo ou Transtorno do Espectro Autista - TEA - é um transtorno
do desenvolvimento que leva a comprometimentos na comunicação e interação
social, englobando comportamentos restritivos e repetitivos. A conscientização
sobre o tema é fundamental para informar as pessoas sobre o que é o autismo,
reduzindo mitos e preconceitos em torno deste diagnóstico. O acesso à
informação ajuda pais, professores e familiares de crianças com TEA a conhecer
melhor as características do transtorno e como lidar com ele. Felizmente, cada
vez mais falamos sobre o autismo, mas ainda existe muita desinformação, o que
impede o diagnóstico precoce e prejudica o tratamento destas crianças. Isso
porque, quanto antes o TEA for diagnosticado, mais benefícios trarão os
tratamentos e as intervenções. Além disso, desde os anos 90, a incidência de
autismo na população tem aumentado de forma expressiva. Antes, para cada 1000
nascimentos, nascia uma criança com autismo. Hoje, esta proporção atinge 1:88.
Pensando nisso, escrevemos este artigo sobre o que é o autismo e suas
principais características. Nossa sociedade ainda tem muito a evoluir quando
falamos sobre autismo e suas características. Percebemos essa falta ao receber
os pais de crianças com TEA, mas também na dificuldade de inclusão nas escolas
e dos familiares em lidar com as pessoas que recebem esse diagnóstico. A desinformação
e a ignorância acerca do assunto tornam urgente falar mais abertamente sobre o
que é o autismo e quais são suas principais características, como as
dificuldades de comunicação e de interação social das crianças com TEA. Desde
1980, o Autismo (TEA) tem sido descrito no Manual de Diagnóstico e Estatístico
dos Transtornos Mentais – DSM - o qual direciona os diagnósticos de transtornos
neuropsiquiátricos em todo o mundo. Em sua atualização mais recente - o
DSM-5 - autismo é descrito como um transtorno de desenvolvimento que leva a
severos comprometimentos de comunicação social e comportamentos restritivos e
repetitivos que tipicamente se inicia nos primeiros anos de vida. O
autismo é uma condição que compromete a capacidade de comunicação e a linguagem.
As crianças com TEA têm dificuldade em perceber acontecimentos compartilhados,
de expressar o que sentem ou pensam nas mais diversas situações, de utilizar as
palavras de acordo com o contexto, entre outras características que prejudicam
seu desenvolvimento global. Além disso, é muito comum a presença de
“manias”, posturas ou atos repetitivos, rituais e interesses restritos, que
podem prejudicar o desenvolvimento de habilidades importantes para as tarefas
cotidianas. Muitas crianças com autismo apresentam hipersensibilidade com
determinados barulhos, ruídos, luzes, agrupamento de pessoas, cores ou
ambientes. Por outro lado, podem ter dificuldade em reconhecer pessoas, em
interpretar as funções dos brinquedos, em seguir regras ou alterar suas
rotinas. É muito importante reconhecer que estes comportamentos não são
intencionais, mas podem ser tratados com terapias específicas. Muitas crianças
com autismo podem ter surpreendente evolução e até “sair” do espectro, mas isto
depende de muitos fatores, dentre eles o diagnóstico precoce, especialmente
antes dos três anos de vida. Até pouco tempo atrás, muitos pediatras tinham
dificuldade em reconhecer sinais básicos de autismo nas crianças, resultando em
diagnósticos tardios. Além disso, muitos deles ainda temem revelar aos pais que
seu filho pode ser autista. Por esses motivos, muitas crianças foram
diagnosticadas tardiamente. Hoje, nos EUA, por exemplo, país onde a saúde
mental é encarada como doença crônica devastadora e com severas consequências emocionais e econômicas, os pediatras podem
sofrer processos e perda de sua licença médica se for demonstrado que não
identificaram sintomas autísticos em crianças de até
um ano e meio. No Brasil, ainda temos muito o que
caminhar, difundindo informações sobre o autismo e suas características, para
evitar diagnósticos tardios. Uma das principais características clínicas do
autismo é o prejuízo da linguagem expressiva, mais especificamente, da
fala. Muitas crianças com autismo podem, após uma fase inicial de normalidade
na aquisição da fala, sofrer regressões com redução do vocabulário, perda da
fala de palavras anteriormente aprendidas, aparecimento de palavras sem
significado e impróprios, repetições de termos sem necessidade e sem função
social. Outras, podem ter atraso severo de fala,
com palavras mal articuladas, jargões, repetições de termos e evolução pobre do
vocabulário. Além disto, existe uma parcela de crianças afetadas que são não
verbais, ou seja, não desenvolvem a fala. Os sinais do autismo podem ser
percebidos logo na primeira infância e quanto antes for realizado o
diagnóstico, melhores serão os resultados das intervenções e tratamentos. O
diagnóstico precoce é o caminho mais eficaz para diluir e reduzir os prejuízos
causados pelo TEA.
Ante o amplamente exposto, solicitamos e esperamos contar
com o apoio dos ilustres Pares na aprovação desta importante e merecida
proposição.
LEONARDO PINHEIRO
DEPUTADO