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PROJETO DE LEI N.º 506/2021

 

“INCLUI OS FESTEJOS DE NOSSA SENHORA DAS DORES, NO CALENDÁRIO OFICIAL DE EVENTOS DO ESTADO DO CEARÁ, NO MUNICÍPIO DE ARACOIABA/CE”.

 

 

A  ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ  D E C R E T A:

 

Art. 1º. Fica incluído os Festejos de Nossa Senhora das Dores, no Calendário Oficial de Eventos do Ceará, no Município de Aracoiaba/CE.

Parágrafo único. A data comemorativa a que se refere o caput deste artigo será celebrada, anualmente, do dia 06 ao dia 15 de setembro.

Art. 3º. Está Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

 

 

BRUNO PEDROSA

DEPUTADO

 

 

 

JUSTIFICATIVA:

 

Segundo os relatos antigos, no final do século XIX, na localidade de Moamba, três crianças buscavam lenha numa colina. Já de tardezinha um dos meninos ao olhar para umas pitombeiras viu uma senhora extremamente bela com um vestido da cor da lua. Assustado o menino que era surdo-mudo começou a gesticular mostrando aos outros que ali se dava algo extraordinário. Os meninos correram de volta pra casa e o surdo-mudo manifestou para a mãe, através de gestos, que tivera uma visão. A mãe, sendo muito religiosa, apresentou-lhe algumas imagens de santos. Vendo a imagem de nossa Senhora das Dores, o menino confirmou por meio de sinais que era aquela que tinha visto.

Quando em 1886 os três meninos que buscavam lenha viram Nossa Senhora aos pés de umas pitombeiras, deixaram ali os feixes de lenha e voltaram correndo assustados para casa. Só ao terceiro dia é que resolveram voltar àquele local e, então tornaram a ver a dita Senhora. Quantas vezes aconteceram estas aparições não sabemos ao certo, mas todos os relatos são unânimes em admitir que a Virgem Dolorosa pediu que se construísse ali uma capela em sua honra dando inclusive as dimensões da mesma mandando colocar pedras nos quatro ângulos. Para verificar se esses meninos estavam mentindo ou não, um caixeiro viajante que aguardava a passagem do trem teve a feliz ideia de mandar chamar um pedreiro para conferir se as medidas marcadas com pedras pelos meninos eram corretas. Ficou constatado que eram tão certas e exatas que não podiam ter saído da inteligência dessas criancinhas tão rudes.

A devoção começou em meio à dor. Os meninos começaram a sofrer. Pois se uns acreditavam a ponto de fazer chá com as folhas das pitombeiras para se curarem de suas doenças, outros, talvez mais numerosos, diziam ser mentira e não acreditavam neles. Até mesmo os pais dos meninos duvidavam e os ameaçavam não acreditando neles e fazendo-os passar por humilhações. Mas mesmo assim a capela pedida por Nossa Senhora foi construída. Era pequena, de taipa, coberta com telhas com piso de terra batida.

 

Correndo o ano de 1925, Cirilino Pimenta teve um derrame cerebral que o deixou paralítico e sem fala. Nestes apuros, lembrando-se do pedido da Virgem Maria por ocasião das aparições, Cirilino fez a promessa de erigir por sua conta uma capela em honra de Nossa Senhora das Dores, se recuperasse a fala e pudesse andar. De fato ele foi atendido e ficou curado.

Cirilino Pimenta, cumprindo a promessa que fizera quando doente, construiu uma capela bem maior que a primitiva de taipa, mas não no local indicado por Nossa Senhora. Mais ampla que a primitiva capela de taipa, a nova igreja foi construída em um local um pouco mais abaixo para poder ser vista pelos que passavam de trem. A inauguração da nova capela se deu em 28 de setembro de 1928 com grandes festejos. Durante algum tempo a capela de Nossa Senhora das Dores construída por Cirilino Pimenta, ficou em completo abandono, chegando mesmo a ruir o teto. Assim a encontrou o vigário Frei Jeremias Saraiva Teles quando em 1973 ou 1974 foi visitar o lugar.

Quando frei Jeremias, em 1973 ou 1974 abriu a capela do Alto Santo, teve uma grande surpresa: um enorme espinheiro de dois metros de altura ou mais, bem defronte ao altar e com galhos tão compridos que chegavam a debruçar-se sobre a imagem de Nossa Senhora das Dores e a cobri-la toda. O dito arbusto de escassas folhas e de grandes e abundantes espinhos brotou num pequeno espaço entre um ladrilho e outro. Providencialmente D. Risalva, testemunha ocular deste fato, cortou e guardou um galho desde prodigioso pé de espinhos e dias depois teceu com ele uma coroa. Este fenômeno singular de um misterioso espinheiro, cuja espécie não se encontra nessa região mereceu uma interpretação dada por Frei Jeremias. “É como se a Mãe Dolorosa, magoada com esse desprezo e esse abandono estivesse a dizer: Vede, filhos meus, eu vim do céu a este lugar para estar mais perto de vós, para aliviar vossas penas, para cobrir-vos com minhas graças e proteção especial. E vós, que me destes? Cobriste-me com os espinhos da vossa ingratidão, do vosso desprezo e do vosso abandono”.

Em 1985, enquanto lia a narração das aparições de Nossa Senhora em Pesqueira (Pernambuco), o padre jesuíta Abner Andrade, foi interrompido por uma antiga moradora de Moamba que perguntou: “E o senhor não sabe que Nossa Senhora apareceu muito mais perto de nós, em Aracoiaba?”. E contou-lhe a história como ela sabia. O sacerdote investigou o caso e percebendo que o verdadeiro local das aparições estava completamente abandonado e coberto pelo mato fez um apelo ao povo para que se adquirisse o terreno e lá fosse construído um pequeno Santuário no local exato da primitiva capelinha de taipa. Em 1986 um grupo de jovens de Aracoiaba encontrando as ruínas da antiga capela de taipa, reconstruiu o oratório no mesmo lugar e nas mesmas dimensões. Essa capelinha das aparições foi inaugurada em 31 de maio de 1986. 

Passados 25 anos da reconstrução da capelinha das aparições, o Alto Santo voltou a ganhar destaque. A história foi tema de reportagem para um canal de televisão, a capelinha recebeu pintura e um patamar onde foi celebrada a missa e a coroação diante de um grande número de fiéis que em procissão seguiram da Igreja Matriz de Aracoiaba até o Alto Santo. O local das aparições voltou a ser valorizado como Santuário Mariano, lugar privilegiado para a oração e contemplação da natureza por ser rodeado de vegetação nativa.

A devoção mariana no Alto Santo ganhou um importante reforço. A Via Matris - o caminho da Mãe - que foi construído ao redor do Santuário. Foram erguidas sete estações, representando as sete dores de Maria onde os fiéis podem rezar contemplando a via dolorosa da Virgem Mãe de Deus. Nas dores de Maria colocamos também as nossas dores e, contemplando a Via-Matris pedimos força para prosseguir na vida e na fé. A Via-Matris foi inaugurada em 03 de julho de 2011.

Diante dos poucos registros históricos das aparições no Alto Santo, a Paróquia de Aracoiaba juntamente com a equipe do programa Show da Paz na Tv, produziu um filme que conta a história das aparições de Nossa Senhora em Moamba, atual Arraial Santa Isabel, Aracoiaba. As filmagens foram feitas em Cascavel, Ceará durante o mês de julho de 2011. Em 06 de agosto do mesmo ano o filme foi lançado e exibido para um grande número de fiéis que acorreram ao local das aparições. O filme é uma maneira de fazer o público conhecer os fatos históricos que geraram a devoção à Virgem das Dores no Alto Santo. Nossa gratidão à Comunidade Católica Paz e Bem que se empenhou na produção desde a montagem do texto até a edição final das imagens. Nossa intenção ao produzir esse filme é valorizar o Alto Santo como lugar de romaria e centro de irradiação da fé. Pedimos a todos que nos ajudem com suas orações, visitem as capelas no Alto Santo e divulguem o filme que está disponível em Dvd.           

Diante do exposto, conto com os nobres pares da aprovação desta propositura que submeto a este Soberano Plenário

 

 

BRUNO PEDROSA

DEPUTADO