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PROJETO DE INDICAÇÃO N.º 373/2021

 

“DISPÕE SOBRE A CRIAÇÃO DAS “SALAS DAS MARGARIDAS” ESPECIALIZADAS PARA O ATENDIMENTO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA NAS DELEGACIAS DE POLÍCIA DO ESTADO DO CEARÁ.”

 

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ INDICA:

 

Art. 1º Dispõe sobre a criação das “Salas das Margaridas” especializadas para o atendimento às mulheres vítimas de violência nas delegacias de polícia do Estado do Ceará.

§ 1º Essas salas são espaços reservados e privativos, onde são registradas ocorrências policiais, oitivas das vítimas, pedido de medidas protetivas e demais ações que fazem parte da Lei Maria da Penha, bem como servirá para aplicar um questionário que avalia o grau de risco que a vítima está exposta.

§ 2º Os atendimentos deverão ser feitos por profissionais capacitados, de preferência mulheres, composto de equipe multidisciplinar com psicóloga e/ou assistente social, a fim de fazer o acolhimento das vítimas, bem como os encaminhamentos à rede de apoio para atender as necessidades das vítimas, seja mulher, criança ou adolescente.

§ 3º As “Salas Margaridas” deverão atender a Lei 13.431/17, da escuta especializada para o atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violências.

§ 4º Para efeitos desta Lei, configura violência contra a mulher qualquer lesão de natureza física, sexual, psicológica, moral e patrimonial, ocasionada pela condição de gênero.

Art. 2º Fica assegurada a privacidade e a inviolabilidade da identidade da mulher atendida.

Parágrafo único. A privacidade e a inviolabilidade de que trata o caput fica acessível, exclusivamente, aos profissionais prestadores do atendimento.

Art. 3º Estando a presente proposição de acordo com a conveniência do Poder Executivo, como rege a Constituição Estadual, o Governador do Estado enviará para esta Casa Legislativa mensagem para apreciação.

 

 

ÉRIKA AMORIM

DEPUTADA

 

 

 

JUSTIFICATIVA:

 

A propositura tem como objetivo possuir ambiente reservado, acolhedor e com atendimento especializado. O projeto das Salas das Margaridas são espaços preparados para acolher e encorajar mulheres no processo de rompimento do ciclo da violência.

A escolha do nome se deu após experiência exitosa no Rio Grande do Sul. Naquele Estado, o nome Margarida foi escolhido a partir da simbologia da flor, que é considerada uma das mais fortes da natureza. Antes, porém, outra mobilização faz alusão à flor. É a Marcha das Margaridas, que unifica a luta das mulheres rurais pelo direito a uma vida livre de violência, e em defesa da terra, território e soberania alimentar.

É importante frisar a existência da Lei Federal n° 13.718/2018 que pune a importunação sexual e a divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia e da Lei Federal n° 14.132/2021 que criminaliza o ato de Perseguição. É preciso comprometimento com as políticas públicas para as mulheres e da importância desses espaços para acolhimento. A mulher que passa por um momento de tamanha fragilidade não pode estar exposta ao movimento diário de uma delegacia. Por isso, esses espaços reservados incentivam as mulheres a procurarem ajuda.

A estratégia das Salas das Margaridas pode se tornar uma das principais políticas públicas da Polícia Civil no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. É um espaço reservado e privativo, onde são registradas ocorrências policiais, oitivas das vítimas, bem como o pedido de medidas protetivas e demais ações que fazem parte da Lei Maria da Penha.

Todo o processo de atendimento é realizado por profissionais treinados para lidar com casos dessa natureza. Nesses espaços também servirá para aplicar um questionário que avalia o grau de risco que a vítima está exposta. São informações fundamentais que ajudam a polícia a traçar um plano de proteção para essa mulher e assim evitar crimes como o feminicídio

Reconhecendo o importante papel desta Casa Legislativa na melhoria da qualidade de vida e na proteção das mulheres no Estado, contamos com o apoio dos Parlamentares para proceder à análise e a consequente aprovação do projeto em tela.

 

 

ÉRIKA AMORIM

DEPUTADA