PROJETO DE LEI N.º 8/19
“ DENOMINA ‘SAMUEL NOGUEIRA PINHEIRO’ A ESCOLA PROFISSIONALIZANTE EM EXECUÇÃO NO MUNICÍPIO DE SOLONÓPOLE/CE. ”
A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ RESOLVE:
Art. 1º - Fica denominado “Samuel Nogueira Pinheiro” a Escola Profissionalizante em execução no Município de Solonópole/CE.
Art. 2º- Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
AGENOR NETO
DEPUTADO
JUSTIFICATIVA:
Samuel nasceu no sítio Flores em 23 de abril de 1892 e faleceu em Fortaleza, no dia 28 de outubro de 1993, com 101 anos de idade. Cresceu e construiu família no sítio Talismã, onde moravam outros parentes.
Sempre trabalhou na agricultura de subsistência e pecuária, onde possuía um pequeno rebanho. Trabalhou no roçado com muita coragem e, com suas mãos calejadas e suor no rosto, fazia daquele ofício o sustento de uma numerosa família.
Contraiu matrimônio duas vezes, tendo no primeiro casamento duas filhas, Joarina, já falecida, e Joanita com quase 90 anos. No segundo matrimônio criou oito filhos, estão todos vivos e residem entre Fortaleza e Solonópole, onde já construíram suas respectivas famílias, cada um seguiu seu destino, mas todos procuram educar seus filhos, legado deixado por Samuel e Joanita, cujo empenho e sabedoria sempre foram voltados para a construção de uma convivência fraterna, estimulando a educação formal dos seus descendentes e a harmonia entre seus pares.
Samuel era predestinado a trabalhar tanto na agricultura como na alimentação do gado leiteiro, para manufatura de queijos e derivados, em pequena escala. Aproveitava épocas invernosas para assegurar uma boa safra e tranqüilidade daquela família, sempre transmitindo aos filhos princípios de ordem e estimulando o trabalho e a educação.
Morando em Talismã, com seu jeito manso e acolhedor, contribuía com as demandas que iam aparecendo, como auxiliar viajantes que passavam com seus rebanhos à procura de pastagem nas cercanias, chamando-os para fazerem refeições ou pernoites, na condição de agradá-los e generosamente hospedá-los.
Enfrentou secas devastadoras, como em 1915, que lhe trouxe muito prejuízo e devastou seu gado e quase perdeu a marca. Em 1932, outra seca que marcou sua história. Caminhava até a cidade de Feiticeiro, onde havia a construção de um açude administrado pelo Governo, lá Samuel trabalhava e cumpria com coragem o que lhe era atribuído. Em 1958, nova seca avassaladora, com seus filhos pequenos e o primogênito Uelton com 18 anos, foi trabalhar na condição de apontador dos operários sacrificados pela seca. Samuel se desfez de grande parte de seu rebanho, escapando o restante em terras distantes, alugando o pasto para escapar o resto do gado.
Exercia outras tarefas com funções sociais, como casamentos civis autorizados pelo Juiz da Comarca de Solonópole e mensalmente se dirigia ao Distrito de São José que, junto ao cartório já existente, oficializava aquela atribuição.
Ananias Nogueira, seu irmão mais velho, morava junto com Samuel e gozava de uma convivência familiar tranqüila e com autonomia e dom de conselheiro, contribuía com Samuel nas decisões pertinentes ao desempenho de tudo que caracterizava crescimento e progresso no cotidiano de suas vidas.
Na década de oitenta Samuel veio morar em Fortaleza junto à família, que estava instalada e concluindo os estudos na capital. Joanita, sua mulher, apresentava fragilidade em sua saúde e com idade avançada, não tinha condição de retornar ao Talismã. Ainda lúcido permaneceu por longos anos, comemorou seus cem anos com um clima de festa e muita alegria. Um ano depois foi definhando e veio a falecer em casa com conforto e cuidado dos seus filhos e netos, e na presença de sua esposa, sua eterna companheira.
AGENOR NETO
DEPUTADO