PROJETO DE LEI N°539/19

“RECONHECE COMO DE DESTACADA RELEVÂNCIA HISTÓRICO-CULTURAL DO ESTADO DO CEARÁ, A BANDA DE MÚSICA PADRE PIO DO MUNICÍPIO DE JUCÁS.”

 

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ DECRETA:

 

Art. 1º - Fica a Banda de Música Padre Pio do município de Jucás, reconhecida como de destacada relevância histórico-cultural do Estado do Ceará.

Art. 2º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

NIZO COSTA

DEPUTADO

JUSTIFICATIVA

No dia 5 de maio de 2019, a Banda Padre Pio, a filarmônica do município de Jucás, comemorou 109 anos de existência. Uma história que se confunde com a vida do povo jucaense e é repleta de curiosidades.

 

Em 7 de maio de 1907, Padre Pio Pinho de Oliveira chegou à Jucás, então município de São Mateus para o cargo de auxiliar do vigário da freguesia de Nossa Senhora do Carmo. Padre Pio foi um grande músico, reconhecido no Ceará, e estudou harmonia com um famoso musicista da época, o alemão Frei Pedro Sins.

 

Em meados de 1908 assumiu a paróquia da cidade e ao tomar conhecimento da existência de músicos e instrumentos musicais, resolveu ensinar música a vários rapazes e senhores, com o intuito de formar uma banda de música.

 

Para a aquisição dos instrumentos necessários, desenvolveu trabalhos comunitários, e após conseguir um conto de réis, acompanhado de Josino Luna, um dos integrantes da banda, enfrentou 200 quilômetros nas costas de animais até a cidade de Senador Pompeu, em 4 dias de viagem, e depois, mais 2 dias de trem até a capital.

 

Na casa “Rosa dos Alpes”, em Fortaleza, comprou os seguintes instrumentos: uma clarineta, um pistão, um helion, um barítono, um bombardino, uma requinta, três trompas, uma caixa de repique, um bumbo e um par de pratos.

 

Com a orquestra organizada e ensaiada, foi fundada em 5 de maio de 1910, a “Filarmônica São Mateuense”, que recebeu o nome de seu fundador apenas em 1960, no seu cinquentenário de vida. A filarmônica foi composta por amadores, voluntários e independentes, e embalava as festas religiosas e eventos do município, fato que ocorre até os dias de hoje. A partir da década de 1930, ficou conhecida como “a furiosa”, apelido adquirido pelo tom agressivo e singular adotado pela banda. Um estilo único.

 

O caminho percorrido até o centenário não foi fácil. A Banda Padre Pio enfrentou muitas dificuldades, chegando ao ponto de se apresentar com apenas 4 integrantes. Porém, o amor à arte musical e as doações mantiveram a banda viva, como a doação de 18 instrumentos, feita por Maria do Carmo Ferreira Lima em 1970, uma jucaense apaixonada por música que sempre apoiou a cultura musical, fundando, inclusive, a banda de música da cidade de Cascavel em meados do século passado.

 

A Banda Padre Pio ganhou reconhecimento nacional e tornou-se admirada por maestros e por músicos de outras bandas, inclusive das famosas bandas militares, que elogiam a beleza das composições autorais de dobrados tocados até hoje, como “Jogo de Espadas” e “Branco e Vermelho”, compostos por Padre Pio.

 

A banda contou com o trabalho e dedicação de inúmeros colaboradores musicais como José Alves Ribeiro, José Facundo Leite e Raimundo Custódio. Dentre os que mais se destacaram, temos o saudoso maestro Álvaro Correia de Araújo, que ingressou no mundo da música aos nove anos de idade e ao longo de anos se doou à Banda Padre Pio, inclusive, mantendo-a por muito tempo com recursos próprios. Atualmente a Banda de Música Padre Pio esta sob a regência do Maestro Washington Luiz Gomes.

 

Assim sendo, considerando a importância do presente projeto solicitamos aos nobres pares o apoio para a sua aprovação.

NIZO COSTA

DEPUTADO