PROJETO DE LEI N° 426/19

“DENOMINA DE GERALDO GOMES DE AZEVEDO, O TRECHO DA CE-354, ENTRE O ENTRONCAMENTO DA CE-354/BR-402 E O ENTRONCAMENTO DA BR-402/CE-354, TAMBÉM CONHECIDO COMO “CONTORNO DE ITAPIPOCA”, NO MUNICÍPIO DE ITAPIPOCA-CE.”

 

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ DECRETA:

Art. 1º. Fica denominado de GERALDO GOMES DE AZEVEDO, o trecho da CE-354, entre o ENTRONCAMENTO DA CE-354/BR402 e o ENTRONCAMENTO DA BR-402/CE-354, também conhecido como “Contorno de Itapipoca”, no Município de Itapipoca-CE.

Art. 2º. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º. Revogam-se as disposições em contrário.

 

EVANDRO LEITÃO

DEPUTADO


JUSTIFICATIVA

Geraldo Gomes de Azevedo é natural de Itapipoca-CE, filho de Antônio Américo de Azevedo e Raimunda Gomes de Azevedo, nascido em 25 de novembro de 1925.

Aos 11 anos de idade, chegava à cidade de Fortaleza, para iniciar seus estudos de 1° grau. O choque cultural entre seu mundo de infância, um pequeno povoado do sertão cearense e o urbano, não o intimidou. Estudava com avidez para realizar seu sonho. Criança pobre e prestativa, morava na pensão de Dona Maria, no centro de Fortaleza e em troca fazia serviços domésticos.

Ao concluir o 2° grau, em 1946, com esmero, seu pai veio à Fortaleza para saber de seus planos. Quando soube de sua intenção de viajar para Recife a fim de prestar vestibular para medicina. Seu pai, Antônio Américo, espantou-se com a grandeza do sonho de seu filho e procurou uma explicação para tal intento. Mas, Antônio Américo não observou a forte influência que Dona Raimunda exercia sobre seu filho.

Dona Raimunda, sua mãe, era rezadeira de grande fé e sempre levava o pequeno Geraldo pelas casas dos enfermos, orando a Deus pela cura daquelas pessoas. Dona “Mundoca”, como era conhecida, ganhou a fama pela região. Crianças, jovens e idosos procuravam-na em busca de suas orações e seus chás, já que não havia médicos na região. Foi essa ação de rezadeira de sua mãe que influenciou o jovem Geraldo na decisão de ser médico.

No início de 1947, ingressava na Faculdade de Medicina da Universidade de Recife-Pernambuco. Naquela época não havia curso de Medicina no Ceará. As dificuldades de transporte, geralmente caminhões “pau de arara” e os dias em estradas empoeiradas, eram pequenos detalhes, tamanha a força de vontade que sempre o caracterizou.

Em 1952, o então médico Geraldo Azevedo aceitou o convite para trabalhar na cidade de Umbuzeiro-PB, pela Secretaria de Saúde da Paraíba. Porém, continuava se aprimorando na profissão escolhida, fazendo curso de especialização em cirurgia nos finais de semana em Recife.

Nessa época, conhecera aquela que seria sua primeira esposa, Maria Dalva Barbosa, professora naquela cidade. Em 1954, com uma sólida formação médica, retorna a Itapipoca, iniciando sua luta em prol do seu povo. Trabalhou no Hospital e Maternidade Martagão Gesteira, no bairro da Boa Vista, juntando-se ao Dr. Antônio Martins e Dr. Rigoberto Romero.

Em 1955, casa-se com Maria Dalva Barbosa de Azevedo e assume o cargo de médico da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública do Ministério da Saúde (SUCAM).

Na metade da década de 50, inicia sua carreira como professor de Ciências Físicas e Biológicas, após concluir o curso de CADES – Didática e Pedagogia em 1956 no então Colégio Estadual Joaquim Magalhães, sendo posteriormente seu diretor, em 1962 à 1965.

Em 1962, nasceu seu primogênito, José Ricardo Barbosa de Azevedo, e anos depois Riane Maria Barbosa de Azevedo e Geraldo Gomes de Azevedo Filho. Naquele ano, inicia sua vida pública concorrendo à Prefeitura de Itapipoca, passo audacioso para o jovem político. Não sendo eleito, extraiu lições para o futuro.

Eleito prefeito de Itapipoca, de 1967 a 1971, imprimiu um estilo próprio de administração com prioridades para áreas de saúde e educação que tão bem conhecia.

Em 1975, morre sua esposa, Dalva Barbosa de Azevedo, fato que o marcou profundamente. Em 1976, conhece a odontóloga Olga Maria de Alencar a quem desposaria no ano seguinte. Desta união nasceria Geovani Calixto de Alencar Azevedo, Narceli América de Alencar Azevedo e Carlos Eduardo de Alencar Azevedo.

Assume pela segunda vez a Prefeitura de Itapipoca de 1977 a 1982. Homem de visão, não esquecia de aliar a experiência da vida ao conhecimento teórico. Nessa busca, faz cursos de Administração Municipal ofertados pela Universidade Federal do Ceará e Conselho de Contas dos Municípios.

O reconhecimento de seu papel como administrador público fez-se não somente pela população, mas também com a outorga dos diplomas de um dos 10 Melhores Prefeitos dos Anos de 1978, 1979 e 1981. Porém, o reconhecimento nacional se fez pelo diploma de Prefeito Expoente Nacional – 1980/1981 conferido pelo jornal Correio de Recife.

Insatisfeito com a falta de um representante, filho de Itapipoca, na Assembleia Legislativa do Ceará e já sendo por duas vezes suplente de Deputado Estadual (1975 e 1983), por falta de união entre as lideranças políticas da região, candidata-se novamente no ano eleitoral de 1986 liderando a “União pela Itapipoca”.

Desta vez, elege-se Deputado Estadual Constituinte (1987-1991).

Em 1992, sofreu com a escolha que o povo fez para comandar sua querida terra. Veste a pijama na política e decide não mais ser candidato a cargos públicos após longos 30 anos de intensa atividade. Estreita os laços de afeto com a Medicina, no fundo a forma encontrada para continuar perto do seu povo e servi-lo.

Em agosto de 1995, sai abruptamente para Fortaleza, sentindo fortes dores no tórax. Uma longa jornada de luta contra sua doença inicia-se, porém o diagnóstico foi cruel. Aquele que, durante 43 anos, dedicou-se a cuidar da saúde do seu próximo, esquecera da sua.

No dia 28 de dezembro reúne a família em torno do seu leito e diz: “Fui muito feliz na minha vida, tive duas mulheres fabulosas que me deram filhos os quais me orgulho em ser pai, sinto-me realizado como médico, político, esposo, pai e avô.”

No dia 30 de dezembro de 1995 às 18h, para de bater o coração daquele que tanto auscultou o coração do seu povo.

 

EVANDRO LEITÃO

DEPUTADO