PROJETO DE LEI N.º 70/14
DENOMINA-SE VICENTE JOSÉ DA SILVA (CONHECIDO COMO VICENTE ZELADOR) A CE 356 O TRECHO QUE LIGA A CIDADE DE RUSSAS AO DISTRITO DE BOM SUCESSO.
A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ DECRETA:
ART.1º - denomina-se VICENTE JOSÉ DA SILVA (conhecido como Vicente Zelador) a CE 356 o trecho que liga a cidade de Russas ao Distrito de Bom Sucesso.
ART.2º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
ART.3º - Ficam revogadas as disposições em contrário.
Sala das Sessões da Assembléia Legislativa do estado do Ceará, Fortaleza aos 16 dias do mês de julho de 2014.
DEPUTADO
JUSTIFICATIVA
Vicente José da Silva, nasceu no Sítio Taquari, no município de Cedro-CE, em 17 de setembro de 1922. Filho de Manoel José da Silva e Maria das Dores da Conceição. Seu pai, era pequeno produtor rural e nas horas vagas afinava concertina- sanfona de oito baixos. Sua mãe cuidava dos afazeres da casa.
Ainda muito jovem e com pouca escolaridade- 3º Ano Primário, na época, largou a vida na roça e migrou para São Paulo a procura de melhores condições de trabalho e vida. Não demorou muito a dar-se conta que poderia levar uma vida digna trabalhando aqui mesmo na região nordeste, apesar do clima semiárido.
Fez algumas incursões entre estados e cidades da região. Esteve na Paraíba e Rio Grande do Norte, entre cidades como: Souza, Corema, Campina Grande, Caicó, dentre outras. Aqui no estado do Ceará, além de Fortaleza, fixou residência na cidade de Russas e, em uma relação que manteve com Da. Genoveva tiveram 2 ( dois) filhos. Posteriormente transferiu-se para a cidade de Solonópole, casou-se com Da. Maria Terezinha Carneiro da Silva, e tiveram 13(treze) filhos.
Retomando o intervalo das incursões e considerando queno Nordeste, as principais vias
estavam a cargo do DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, e só passaram à jurisdição do DNER em 1951.Como componente do quadro de funcionário do DNOCS o seu Vicente que prestou serviços ao órgão em Itans, em Caicó-RN, bem como em Coremas no estado da Paraíba estava sempre viajando .
Em suas idas e vindas entre as cidades mencionadas anteriormente e a cidade de Russas, no estado do Ceará ele sempre fez o percurso que hoje corresponde ao que chamamos de estrada das frutas a CE 356 que na época era apenas uma estrada carroçável e de muito difícil tráfego, principalmente no período da quadra chuvosa em razão dos atoleiros e transbordamento de riachos ao longo do percurso.
Durante vários anos fez esse trajeto, até mesmo depois de fixar residência em Russas. Chegou até a fretar um caminhão em um dia de eleição para ir votar, pelo fato de não ter transferido seu domicílio eleitoral, isso foi relatado pelo proprietário do veículo, Senhor Bermudês.
Por questões de ordem administrativa e pela educação dos filhos, por volta do ano de 1965 retornou para Russas fixando residência no Distrito de Bonhú onde se localiza o Açude Público Santo Antônio de Russas.
A partir daí o Sr. Vicente foi nomeado Chefe do posto pela 2ª Diretoria Regional do DNOCS. Como foi mencionado anteriormente, no intervalo da década de 1950 já havia estado como encarregado do Açude, ou seja, lidava com os vazanteiros e rendeiros da Bacia hidráulica-produtores e pescadores. A partir desse momento imprimiu um intenso ritmo de trabalho com o quadro de funcionários do órgão e outros terceirizados, quando tinha que atingir metas mais ousadas.
Dentre seus feitos estão: construção de cercas-cercou toda área do entorno do açude garantido segurança para os rendeiros em suas vazantes, incentivou a produção de alimentos, realizando também a limpeza, conservação e ampliação da rede de canais, abertura de drenos para evitar a salinização dos solos que cruzavam as propriedades à jusante da barragem.
Desmatou a área do sopé da barragem do açude, escavou drenos e plantou coqueiros e bananeiras, bem como intensificou a produção de hortaliças e fiscalizou ostensivamente a pesca, garantindo uma larga produção que, após, atender a demanda local, os produtos eram liberados para comercialização no mercado de Russas. Nesse período o Distrito de Bonhú era praticamente auto-suficiente. Ainda levado por seu espírito incansável, criou a Escola Eduardo Rangel, que atendia a demanda de educação dos filhos dos servidores do DNOCS, refez a linha telefônica com Russas, que era constituída de postes de madeira e um tipo de arame que era esticado com tralha, mudou cursos de estradas inclusive a que liga a BR 116, em Pedras com o Distrito de Bonhú, como também a que liga o Distrito com a localidade de Capim Grosso, que constitui a represa do açude onde estavam assentados os rendeiros, e pescadores. Vale ressaltar, em todas as empreitadas, seu Vicente estava sempre na linha de frente, acompanhando a execução de todos os serviços destinados ao bem-estar da coletividade.
Seu Vicente sempre foi extremamente zeloso e responsável com a “coisa pública”. Chegou a ser condecorado com medalha de ouro pelos relevantes serviços prestado são DNOCS ao longo dos anos. Também foi agraciado com certificado de maior produtor de coco da região do Baixo Jaguaribe. Foi um HOMEM DE PALAVRA, ou melhor, HOMEM PALAVRA.
Ainda tratando de sua dedicação e empenho ao DNOCS, ele enquanto estava chefe do posto Santo Antônio de Russas, ainda prestava serviços-assessoria nos açudes de Cedro em Quixadá, Poço do Barro em Morada Nova e Ema em Iracema. Dentre as atividades desempenhadas estavam, relatórios intermináveis e outras questões que compunham a burocracia da administração. Viajava sistematicamente para Fortaleza onde discutia com diretores as questões pertinentes ao ofício que desempenhava com esmero e dedicação. Durante a implantação do Perímetro Irrigado de Morada Nova, também contribuiu com sua vasta experiência.
Prestou Concurso através do DASP para ascender ao Cargo de Agente Administrativo do DNOCS ficando em 2º lugar entre todos os concorrentes.
Além de muito trabalhador, era muito honesto, transparente e franco. Tinha uma imensa facilidade com cálculos aritméticos que o tornava respeitado por Engenheiros e Agrônomos do DNOCS, bem como da SUDENE. Era muito questionador e gostava de desafios.
Senhor Vicente faleceu em 11 de fevereiro de 2001 deixando seu legado a partir de suas atitudes perante os desafios e circunstâncias da vida no trato com todos.
ADAIL CARNEIRO
DEPUTADO