PROJETO DE LEI N.º 43/2014

 

Denomina oficialmente de Escola Estadual de Ensino Médio Josefa Clementino Ferreira de Oliveira, a Escola Estadual, localizada no Distrito de Curupira, município de Ocara, no estado do Ceará.

 

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ DECRETA:

 

Art. 1º Fica denominada de Escola Estadual de Ensino Médio Josefa Clementino Ferreira de Oliveira, a Escola Estadual, localizada no Distrito de Curupira, município de Ocara, no estado do Ceará.

 

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

 

PAÇO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ, em 26 de março de 2014.

 

DEPUTADO DEDÉ TEIXEIRA

VICE-LÍDER DO PT/CE

4º SECRETÁRIO DA MESA DIRETORA - ALEC

 

JUSTIFICATIVA

 

Em 08 de novembro de 1938, na localidade de Jucá (Aracoiaba), nasceu Josefa Clementino Ferreira de Oliveira (D. Zefinha). Filha de Paulo Amaro e de D. Izabel Ferreira (Belinha). Alí passou toda sua infância e juventude. Muito religiosa, era chamada para presidir terços e rezar para pessoas enfermas. Era dinâmica, alegre e animava a comunidade com seus bonitos dramas. Além da beleza interior, era considerada a moça mais bonita da região, recebendo o apelido de “Flor do Pasto”. Casou-se em 1960 com Oliveira Chagas, de cuja união nasceram quatro filhos e uma filha. Recém casada morou em Croatá; em 1963 foi morar em Curupira de Cima; em 1965 foi para Placa da Ocara.

 

Em 1973, conseguiu uma escola para sua localidade, quando cedeu sua própria casa, cadeiras, mesas e até seu fogão e utensílios de cozinha, para que não faltasse a merenda escolar a seus alunos. A escola funcionou durante 14 anos consecutivos. Atendendo às necessidades da comunidade foi professora, por alguns anos, telefonista, catequista e líder comunitária.

 

Iniciou os trabalhos comunitários em 1975, na Campanha da Fraternidade e sua luta era incansável. Foi Conselheira Paroquial; participou do 1º Projeto de Pastoral da Região da Serra; foi Agente Pastoral dos Sacramentos; Ministra da Palavra; e Apóstola do Sagrado Coração de Jesus. Liderou a Comunidade até seus últimos dias. Era extremamente humilde: se alguém lhe dava uma tapa, ela oferecia a outra face. Por sua firmeza no projeto de Deus, era respeitada por todos. Pessoa digna, brava, lutadora, que deixou marcas de sua luta incansável, dentre elas a Capela e o desejo de que seu Padroeiro fosse o Sagrado Coração de Jesus, no que foi atendida pela comunidade.

 

Uma marca que jamais sairá da memória do seu povo foi sua opção pelos mais necessitados. Mesmo apresentando problemas de saúde, nunca perdía a coragem de lutar para atender as necessidades dos que dela precisavam. Fazia projetos, pelos quais lutava deixando na comunidade cisternas, conseguidas junta à Caritas; um cacimbão Amazonas, utilizando a mão de obra da comunidade, doando seu próprio terreno; aos sábados, fazia mutirão para construção e recuperação das casas de taipa; conseguia cestas básicas com entidades e as distribuía entre os mais necessitados; era quem lia o receituário médico de sua comunidade e os orientava no uso correto da medicação. Ainda fazia remédios caseiros como: lambedor de malva santa, mel de caju, polpa de mastruz para ajudar na recuperação dos que necessitavam.

 

Conduzia doentes aos hospitais, custeando suas despesas. Todos conhecem a história de uma grávida, que foi transportada no sofá de sua casa, em cima de uma carroça, para a Casa de Parto, em Ocara, no ano de 1984. Ano em que o inverno impossibilitou o tráfego de carro. Conseguía, junto à Defesa Civil, água para a população; junto ao Grupo de Emergência e Socorro às Calamidades Públicas – GESCAP conseguiu o chamado “Bolsão”, conseguindo, com muita luta, que mulheres solteiras e com filhos, fossem inclusas no mesmo. No que, o município de Ocara foi pioneiro.

 

No âmbito da cultura, criava peças teatrais, comédias, fazendo assim a Semana de Animação Comunitária. Quanto à geração de emprego e renda, adquiria cursos de aproveitamento da soja e caju com a EMATERCE; coordenava um grupo de mulheres que tinham em comum uma horta comunitária, beneficiando às famílias com a verdura produzida. Além da economia, retirava o povo da ociosidade.

 

Participava de eventos religiosos e educativos, onde se qualificava para qualificar. Acompanhava o desenvolvimento das crianças desde o batismo, crisma. Sua casa era considerada “casa de apoio”, tanto era sua hospitalidade. Até hoje, como uma República de Universitários, acolhe os  estudantes da zona rural, que vem estudar em Quixadá. Não é lenda que suas portas estavam abertas para acolher mulheres parindo, que não dava tempo chegar à Maternidade e para velar corpos de crianças, mortas nos hospitais da cidade, quando o carro que as transportava avariavam.

 

Em 1982, Josefa começou a debilitar-se com a perda do pai, em um acidente automobilístico. Amava com dedicação à família, além dos muitos amigos que deixou por onde passou. Submeteu-se a várias cirurgias, mas continuava forte na luta e propósitos. Faleceu, entretanto, em 07 de outubro de 1996, vitimada por um acidente automobilístico, como seu pai.

 

Não sentimos tristeza por sua ausência, sentimos saudades. A saudade nos encoraja para a luta e

nos fortalece pelo seu exemplo” – Maria Clementino de Oliveira.

 

DEDÉ TEIXEIRA

DEPUTADO