PROJETO DE LEI Nº
131/2012
Regulamenta
a vaquejada como prática desportiva e cultural no Estado Ceará.
A
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ
DECRETA:
Art.
1º Fica
regulamentada a vaquejada como atividade desportiva e cultural no Estado do
Ceará.
Art.
2º Para
efeitos desta Lei, considera-se vaquejada todo evento
de natureza competitiva, no qual uma dupla de vaqueiro a cavalo, persegue
animal bovino, objetivando domina-lo.
§
1º Os competidores são julgados na competição pela destreza e perícia,
denominados vaqueiros ou peões de vaquejada, no dominar animal.
§
2º A competição dever ser realizado em espaço físico apropriado, com dimensões
e formato que propiciem segurança aos vaqueiros, animais e ao público em geral.
§
3º A pista onde ocorre a competição deve, obrigatoriamente, permanecer isolada
por alambrado, não farpado, contendo placas de aviso e sinalização informando
os locais apropriados para acomodação do público.
Art.
3º A
vaquejada poderá ser organizada nas modalidades amadora e profissional,
mediante inscrição dos vaqueiros em torneio patrocinado por entidade pública ou
privada.
Art.
4º Fica
obrigado aos organizadores da vaquejada a adotar medidas de proteção à saúde e
integridade física do público, dos vaqueiros e dos animais.
§
1º O transporte, o trato, o manejo e a montaria do animal utilizado na
vaquejada devem ser feitos de forma adequada para não prejudicar a sua do
mesmo.
§
2º Na vaquejada profissional, fica obrigatório a presença de uma equipe de
paramédicos de plantão no local durante a realização das provas.
§
3º O vaqueiro que por motivo injustificado se exceder no trato com o animal,
ferindo-o ou maltratando de forma intencional, deverá ser excluído da prova.
Art.
5º Esta
Lei entra em vigor na data de sua publicação e revogam-se as disposições em
contrário.
JUSTIFICATIVA
A
vaquejada é uma atividade recreativa-competitiva
com características de esporte, Brasileira da região Nordeste, no qual dois
vaqueiros a cavalo tem de perseguir o animal (boi) até emparelhá-lo entre os
cavalos e conduzi-lo ao objetivo (duas últimas faixas de cal do parque de
vaquejada), onde o animal deve ser derrubado.
Na
época dos coronéis, quando não havia cercas no sertão nordestino, os animais eram
marcados e soltos na mata. Depois de alguns meses, os coronéis reuniam os peões
(vaqueiros) para juntar o gado marcado,
eram as pegas de gado. Montados em seus
cavalos, vestidos com gibões de couro, estes bravos vaqueiros se embrenhavam na
mata cerrada em busca dos bois, fazendo malabarismos para escaparem dos
arranhões de espinhos e pontas de galhos secos.
Alguns
animais se reproduziam no mato. Os filhotes eram selvagens por nunca terem
mantido contato com seres humanos, e eram esses animais os mais difíceis de
serem capturados. Mesmo assim, os bravos vaqueiros perseguiam, laçavam e
traziam os bois aos pés do coronel.
Nessa
luta, alguns desses homens se destacavam por sua valentia e habilidade, e foi
daí que surgiu a idéia da realização de disputas.
O
Rio Grande do Norte é apontado como o estado que deu o primeiro passo para a
prática da vaquejada.
O
Ceará cada ano que passa se destaca nesses eventos com Vaqueiros de altíssima
qualidade disputando e vencendo os torneios em todas as partes do Brasil .
O
historiador Câmara Cascudo dizia que por volta de 1810 ainda não existia a
vaquejada, mas já se tinha conhecimento de uma atividade parecida. Era a
derrubada de vara de ferrão, praticada em Portugal e na Espanha, onde o peão
utilizava uma vara para pegar o boi. Mas derrubar o boi pelo rabo, a vaquejada
tradicional, é puramente nordestina.
Somente
em 1874 apareceu o primeiro registro de informação sobre vaquejada. O escritor
José de Alencar escreveu a respeito da "puxada de rabo de boi" no
Ceará, mas não como sendo algo novo, ele deixou claro que a prática já ocorria
anteriormente. E se existia no Ceará, era indiscutível que pudesse existir em
estados vizinhos como, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí, já que eram
regiões tão semelhantes nos hábitos, atividade econômica e social, e ambiente
físico.
Após
alguns anos, pequenos fazendeiros de várias partes do nordeste começaram a
promover um novo tipo de vaquejada, onde os vaqueiros tinham que pagar uma
quantia em dinheiro, para ter direito a participar da disputa. O dinheiro era
usado para a organização do evento e para premiar os vencedores.
As
montarias, que eram formadas basicamente por cavalos nativos daquela região,
foram sendo substituídas por animais de melhor linhagem. O
chão de terra batida e cascalho, ao qual os peões estavam acostumados a
enfrentar, deu lugar a uma superfície de areia, com limites definidos e
regulamento.
Com
o tempo, a vaquejada se popularizou de tal forma que existem clubes e
associações de vaqueiros em todos os Estados do Nordeste, calendários de
eventos e patrocinadores de peso, envolvendo um espírito de competição que
agrada a muitos.
Hoje
em dia a vaquejada é encarada como um grande negócio. Os organizadores começam
a cobrar ingressos e o público entende a proposta. O vaqueiro é reconhecido
como um atleta da pista. Nasce um novo forró com o surgimento de bandas.
Resultado: parques lotados e, a cada ano, surgem mais pessoas interessadas pela
atividade.
Depois
de muito tempo, a vaquejada só tende a crescer como um bom esporte para o povo
nordestino e também para amantes da vaquejada em outras regiões. O crescimento
veio pelo fato da criação das categorias (aspirante, amador, profissional),
fazendo com que a prática desse esporte se expanda.
Dada
a importância deste esporte venho rogar aos nobres pares a aprovação da
presente propositura.
WELINGTON LANDIM
DEPUTADO